O gato de madame
Comédia sobre um engraxate que se envolve casualmente com uma quadrilha de bandidos ao encontrar um gato perdido cuja proprietária oferece uma promissora gratificação a quem devolvê-lo.
1º rolo: O miado de um gato substitui o rugido do leão da Metro (início dos créditos). São Paulo, SP, vila suburbana, crianças brincando de figurinhas. Entre elas, o engraxate Arlindo, marmanjo cuja esposa lavadeira parece continuamente reclamar de sua criancice e da falta crônica de dinheiro em casa. Arlindo, depois de acariciar a filha, sai para entregar a roupa lavada de uma casa grã-fina em bairro grã-fino. Entrega, recebe, xinga. Troca seu chapéu por um outro, bem mais novo, encontrado na lata de lixo. Na casa grã-fina, Madame Ivone, ainda na cama, recebe a péssima notícia que seu gato de estimação está desaparecido. Ela chora, manda avisar a polícia e a imprensa. Arlindo, catando um jornal do lixo, ganha a companhia de um gato. Ivone, penteando-se ao tocador, comunica a seu agente de publicidade a quantia da gratificação a ser oferecida a quem devolver seu gato. (260 m)
2º rolo: Enquanto Arlindo procura um emprego “leve” nos classificados do jornal, o gato continua a rondá-lo. Sensibilizado, Arlindo termina por levá-lo em seus braços. Numa feira-livre, Arlindo compra, depois de muita pechincha com o vendedor turco, uma boneca para sua filha. Atravessando a rua, é visto com o gato por dois bandidos, Raul e José, que o seguem até um boteco.
Um engraxate reclama do preço ao garçom, pois não tem a quantia necessária para pagar a conta. Arlindo cobre a diferença. Os dois bandidos puxam assunto com ele, tentam convencê-lo a vender o gato, Arlindo negaceia. O engraxate de longe, com um jornal na mão, avisa Arlindo sobre a gratificação oferecida pela Madame. Arlindo se desvencilha rapidamente mas os dois bandidos o seguem. (263 m)
3º rolo: O engraxate vê Arlindo sendo sequestrado pelos bandidos, cujo carro sai em disparada. Tenta avisar um policial mas não consegue ser ouvido. Na porta do esconderijo dos bandidos, o gato foge, mas Arlindo, com a ajuda dos sequestradores, logo o recupera. No esconderijo, doze bandidos se divertem, com as imitações de Arlindo, baseadas em gangsters do cinema americano. O chefão, com um arroto e máscara nos olhos, fica inteirado do caso do gato e aceita Arlindo como o mais novo elemento da quadrilha. O engraxate tenta convencer um outro policial. O chefão faz um discurso sobre seu papel social. Arlindo pede para ir ao “gabinete”. (278 m)
4º rolo: No banheiro, Arlindo ouve o chefão ordenar sua morte. Entra pelo buraco do forro, rasteja-se e desce, por outro buraco, em meio a uma sessão do centro espírita, cujo líder lhe pede cumplicidade. Arlindo finge ser um “espírito”, responde perguntas dos fiéis e diz ser necessário voltar para o “além”. Arlindo foge. Os bandidos, que o seguiram pelo forro, descem no centro espírita mas provocam gritos e escândalos. No portão da casa da madame, dois homens disputam a posse de um gato. Em frente do Museu do Ipiranga, SP, Arlindo, perseguido pelos bandidos, se disfarça no meio de uma excursão de estudantes. (227 m)
5º rolo: O professor explica aos seus estudantes o significado de algumas personalidades históricas. Arlindo percebe os bandidos, ameaça-os com um canhão do museu, volta a acompanhar os alunos da Escola São Francisco Xavier. O professor mostra os retratos de Dom Pedro I e da Marquesa de Santos. Na vila de Arlindo, seu amigo engraxate convoca outros engraxates para a missão “salvamento de Arlindo”. Arlindo continua se escondendo: sai de uma liteira depois da passagem dos bandidos. Na casa de Arlindo, sua esposa reclama do marido e recebe um aviso tranquilizador dado pelo engraxate. Arlindo, disfarçado de guarda imperial, tenta despistar os bandidos. Assusta-se, percorrendo os salões desertos do museu. Recosta-se na cama do quarto de Dom Pedro II. (243 m)
6º rolo: Adormece. Dom Pedro II sai da moldura de seu quadro, oferecendo ajuda a Arlindo. Conversam. No quarto de Dom Pedro I flagram o romance entre o imperador e a Marquesa de Santos que dançam um minueto. Arlindo, entusiasmado, ensina a Marquesa a dançar um “quadradinho”. Dom Pedro I, enciumado, ameaça Arlindo com sua espada. Arlindo tenta fugir mas Dom Pedro I o acerta na cabeça. Arlindo acorda. Passeia pelo museu, conversa com uma faxineira gorda que, ofendida, o coloca para fora. (266 m)
7º rolo: Manhã. Na casa da madame, populares em fila imensa trazem os mais variados animais. Arlindo chega, ridicularizando a todos. Os engraxates o encontram. Arlindo fura a fila enquanto os bandidos, ao longe, nada podem fazer. Convidados da madame deleitam-se à beira da piscina. A madame, no salão de festas, dá início ao desfile das concorrentes ao título de “Rainha dos Tecidos Kenta”. Arlindo comenta o concurso da “Miss Kenta” e apronta confusões com uma mulher gorda e careca. Feliz, já de posse de seu gato, a madame homenageia o heroísmo de Arlindo que recusa o cheque pois prefere dinheiro “vivo”. Enquanto aguarda o dinheiro, aceita participar da comissão julgadora na qual resolve tirar as medidas das “misses”. (274 m)
8º rolo: Comenta as medidas das “misses”: o tamanho da cintura, dos seios, da altura, de “misses” gordas e magras. Seguindo uma delas, canta um número musical (“Na piscina de madame”). Madame Ivone apresenta Cícero, seu amigo, que Arlindo, graças a um arroto, reconhece como chefão da quadrilha. Na biblioteca, Arlindo é lesado pelas disposições legais, pois do fiscal do Imposto de Renda ao agente da Companhia de Seguros seu prêmio perde a maior parte. A empregada avisa que as joias da madame foram roubadas. Arlindo, revistado, é preso pois Cícero lhe colocara as joias no bolso sem que ele houvesse percebido. (270 m)
9º rolo: Madame Ivone desconfia um pouco de Cícero, Arlindo, porém, é preso. Na cela, ameaçado pelos outros prisioneiros, resolve enfrentar o mais forte deles mas, por sorte e pela ajuda de um bêbado, consegue vencer o valentão. Os engraxates conduzem a polícia até o esconderijo dos bandidos que tentam fugir, com o chefão, pelo buraco do forro. No centro espírita, onde se desenrola uma sessão, descem um a um mas são capturados pelos policiais que haviam se disfarçado de “fiéis” do centro espírita. Arlindo é libertado e os bandidos trancafiados. Os engraxates, a esposa e a filha de Arlindo o cumprimentam. Arlindo recusa um emprego de varredor de rua que lhe é oferecido pelo delegado. Na rua, reparte o prêmio pela captura dos bandidos com os engraxates. Um gato mia aos seus pés mas Arlindo o deixa de lado. Crédito final: “The end…” (270 m)
Fonte: Cinemateca Brasileira
Elenco
Amácio Mazzaropi • Odete Lara • Carlos Cotrim • Lima Netto • Gilberto Chagas • Roberto Duval • Leo de Avelar • Henricão • Osmano Cardoso • José Nuzzo • Inajá Viana • Jorge Petrov • José Mercaldi • Tito L. Baccarini • Aída Mar • Cavagnole Neto • Raquel Forner • Claudionor Lima • Aristides Manzani • Reinaldo Martini • o gato Joãozinho • Ayres Campos • Beyla Genauer
comédia, ficção; 90 minutos; censura livre
Cia. produtora: Cinematográfica Brasil Filme Ltda
Distribuição: Columbia Pictures
Direção: Agostinho Martins Pereira
Assistente: Lucio Braun
Argumento: Abílio Pereira de Almeida
Roteiro: Agostinho Martins Pereira, Abílio Pereira de Almeida
Diretor de fotografia: Chick Fowle (Henry F. Foule)
Operador de câmera: Jack Lowin
Assistente de foco: Geraldo Gabriel, Marcelo Primavera
Diretor de produção: Galileu Garcia
Assistente de produção: Raimundo Ribeiro, José Luiz
Engenheiro de som: Ernest Hack
Técnico de som: Boris Silitschanu
Assistente de som: Constantino Warnowsky, Raul Nanni
Montagem: Mauro Alice
Assistente de montagem: Lydia Soboleswska
Cenografia: Pierino Massenzi
Figurinos históricos: Silvio Ramirez
Maquilagem: Jerry Fletcher
Música: Enrico Simonetti
Canção: “Na piscina de madame”, de Conde e Elpídio dos Santos
Continuidade: Vilma R. Pereira
Estúdio filmagem: Estúdios Vera Cruz
Laboratório filmagem: Rex Filme, Lider Cinematográfica – RJ
Sistema cor: b x p
Sistema sonoro: R.C.A
Metragem: 2.356 m filmado em 35 mm, em 24 q
Local de produção: São Paulo, SP
Ano de produção: 1956