Chico fumaça
História de um homem que teve oportunidade de salvar um trem de descarrilamento iminente, com o risco da própria vida. Vira herói nacional, candidato a político e é entretido por lindas garotas, na recepção que lhe está sendo preparada na cidade. No interior era um caipira ingênuo e simplório, que passava as tardes assistindo à passagem dos trens. Um dia, um incidente mudou sua vida e ele foi para a cidade grande. Passou a ser figura das mais importantes, um autêntico Barba Azul, conquistando as mais lindas garotas e esquecendo a pobre e simpática professora, por quem estava apaixonado.
1º rolo: Chico Fumaça, pobretão, “ingênuo” e analfabeto, perde a vaca de estimação por conta de dívidas contraídas com o português “seu” Elias. (Letreiros). “Marmanjo”, frequenta as aulas de sua noiva Inocência que tenta em vão alfabetizá-lo. Ridicularizado pelos “coleguinhas” de classe e repreendido constantemente por Dona Marcelina, diretora da escola e mãe de Inocência, Chico vive ao léu, enquanto a cidade interiorana de Jequitibá aguarda a chegada do político Dr. Japércio Limoeiro. (278,7 m)
2º rolo: A cidade está em ampla campanha para a eleição do prefeito por meio de dois rivais: o atual prefeito do Partido Oportunista e o adversário Honório Honorato. Chico, que quando bebe fica uma “fera”, provoca uma briga. Inocência cobra o casamento com ameaças e Chico lhe promete resolver a situação financeira. Naquele que poderia ser o pior dia de sua vida, perde ao mesmo tempo as esperanças de conquistar sua amada e a casa, destruída por um temporal. Decide abandonar a cidade. No caminho, notando um trecho dos trilhos semidestruído, salva um trem em iminente perigo que conduz o Dr. Limoeiro e seu assessor. (284,7 m)
3º rolo: Chico Fumaça se torna o herói de Jequitibá: elogios, bajulações, discursos empolados do Dr. Limoeiro e prêmio em dinheiro a ser recebido na capital da República. Dona Marcelina, muito cautelosa, recomenda atenção perante os “perigos” da cidade grande. Limoeiro despede-se satisfeito com os dividendos políticos angariados com Chico cuja fama ganha repercussão nacional. Chico parte com o prefeito. (288,4 m)
(Estrada de ferro. Banda de música, pequena estação ferroviária da cidade do interior. Sede do Partido Oportunista. Escola Pública. Trem. Bar, restaurante, armazém. Fotógrafos. Avião, aeromoça, pista do Aeroporto Santos Dumont, RJ.)
4º rolo: Limoeiro, em meio aos desajustes de Chico com a metrópole, ordena ao seu assessor incremento do prestígio simbólico de seu salvador. Duas belas “mulheres fatais”, enganadas de quarto, envesgam o caipira. O prêmio em dinheiro é entregue com transmissão radiofônica para Jequitibá. (272,6 m)
(Avião da Panair do Brasil S. A . Rio de Janeiro, RJ: vistas parciais da cidade, automóveis, prédios, ônibus, viadutos, Miramar Palace Hotel, praia. Hotel: saguão, elevador, turista americana, quarto de luxo, varanda. Praia de Copacabana. Casa “burguesa”: salão. Locutor de rádio, coreto, multidão.)
5º rolo: Limoeiro comemora demagogicamente o feito heroico de Chico que canta e entusiasma o auditório de “elite”. Dona Marcelina, contagiada, propõe a candidatura do genro para prefeito de Jequitibá. Verinha Vogue, uma vedete “moderna”, flerta insistentemente com o caipira que, atordoado, entra em “transe” com uma dose de bebida alcoólica. (283,8 m)
(Casa “burguesa”: salão. Locutor de rádio. Pessoas da “alta” sociedade. Coreto, multidão. Mazzaropi interpreta uma canção – Conjunto musical.)
6º rolo: O escândalo repercute negativamente nos jornais. Verinha, cúmplice de Raposo, chefe de uma quadrilha de contrabandistas, compromete-se a roubar o prêmio de Chico Fumaça que, embasbacado, se deixa levar pela “noite” carioca. (270,7 m)
(Hotel: quarto. Casa burguesa: salão. Barco, mar, cabina e convés. Neons de boate. Neuza Maria canta “Nova Ilusão”, Trio Nagô canta “Saudade da Bahia”, Zezé Gonzaga canta “Linda Flor” e Cauby Peixoto canta “Onde ela mora” – trechos seguindo a partir de 139 metros.)
7º rolo: Numa boate, Raposo se apresenta como industrial enquanto Limoeiro, sem a esposa, procura ocultar sua identidade. Uma fotógrafa compromete Chico em pose “suspeita” com Verinha bem como o Dr. Limoeiro perante sua esposa. Inocência, atiçada pela mãe, decide viajar para tirar satisfações do noivo. Raposo planeja um “carteado”, tira o prefeito do posto de vigilante e coloca Chico diante de uma mesa adulterada de jogo. (279,6 m)
(Boate: interiores. Mara Abrantes canta “Agora é cinza”. Nancy dança rumba. Conjunto musical. Turista americana. Casa burguesa: salão. Trem da Leopoldina. Barco, mar, cabina. Hotel: quarto. Jogo de cartas.)
8º rolo: Inocência e Limoeiro, esclarecidos pelo prefeito, saem no encalço de Chico Fumaça que, a esta altura, vem dobrando seu patrimônio financeiro. Surpresos, os bandidos forçam-no a entregar o dinheiro. Chico, procurando escapar, toma um gole de bebida e, feito “fera”, agarra seu guarda-chuva onde guardara o dinheiro e desarma os bandidos que a polícia há muito investiga. Novamente herói, reconcilia-se com um beijo com a noiva Inocência. (271,1 m)
(Barco, mar, cabina, convés. Miramar Palace Hotel: saguão de entrada, automóvel, portaria, elevador, quarto. Cais, barco a motor. Policial.)
Fonte: Cinemateca Brasileira
Elenco
Amácio Mazzaropi (Chico Fumaça) • Nancy Montez (Verinha Vogue) • Carlos Tovar (Dr. Japércio Limoeiro) • Celeneh Costa (Inocência) • Roberto Duval (prefeito) • Grace Moema (Dona Marcelina) • Joyce Oliveira (esposa de Limoeiro) • Arnaldo Montel (Raposo) • Suzi Kirby (turista americana) • Grijó Sobrinho (maestro da banda) • Domingos Terra (seu Elias) • Cazarré Filho (cabo eleitoral) • Carlos Costa (Honório Honorato) • Amadeo Celestino (sub-prefeito) • Moacir Deriquén
Números musicais: “Onde ela mora”, de G. Macedo de L. Faissal, canta Cauby Peixoto; “Saudade da Bahia”, de Dorival Caymi, canta Trio Nagô; “Nova ilusão”, de Lana Bittencourt e J. Menezes, canta Neusa Maria; “Agora é cinza”, de Bide e Marçal, canta Mara Abrantes; “Linda flor”, de H. Vogeler, L. Peixoto e M. Porto, canta Zezé Gonzaga
comédia, ficção; 96 minutos; censura livre
Cia. Produtora: Cinelândia Filmes (RJ) e Cinedistri (SP)
Direção: Victor Lima
Assistente de direção: Oscar Nelson
Roteiro: Victor Lima
Argumento: Alípio Ramos
Diretor de fotografia: Hélio Barrozo Netto
Assistente de câmera: Hélio Costa
Produção: Oswaldo Massaini
Produtor associado: Alípio Ramos
Assistente de produção: João Macedo
Diretor de som: Hélio Barrozo Netto
Som: Alberto Vianna
Montagem: Hélio Barrozo Netto
Eletricista: Oswaldo Alves
Maquilagem: Eric Rzpecki
Música – fundo musical: Radamés Gnatalli
Estúdios: regravação, mixagem: Cia. Vera Cruz, São Paulo
Laboratório imagem: Rex Filme – São Paulo
Sistema cor: b x p
Filmado em: 35mm; em 24 q
Metragem: 2.229,6 m
Local de produção: São Paulo, SP
Ano de produção: 1958